Boa parte de seus bens ficará obsoleta até o fim deste ano. Pense em sua TV, em seu computador ou em seu celular. No momento em que você está lendo esta reportagem, algum lançamento está transformando seu aparelhinho recém-comprado em peça de museu.
Trata-se de uma estratégia deliberada da indústria chamada obsolescência programada. Faz parte do plano de negócios de fabricantes de telefones, de roupas ou de carros prever o envelhecimento de seus próprios produtos para que consumidores sintam a necessidade de comprar novos modelos e assim manterem-se atualizados.
Pode parecer maléfico, mas, segundo o guru do marketing Philip Kotler, é competição pura: num mercado livre, sempre aparece alguém capaz de fazer um produto ou serviço melhor. Nenhuma consultoria inventou ainda a obsolescência programada de pessoas, mas a sensação de estar defasado na carreira incomoda muitos profissionais.
“O mercado está mais exigente, e mesmo as pessoas competentes estão sendo demitidas”, diz Yvete Piha Lehman, professora do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de São Paulo. “Isso tudo gera uma ansiedade no profissional e uma pressão para que ele se mantenha inteirado o tempo todo.”
O que outrora conferia status de sabedoria hoje é visto como indício de caducidade. “Até dez anos atrás, passar dos 40 significava ganhar respeito e reconhecimento dos colegas”, diz Yvete. “Hoje, não há mais garantias.”
Embora exista uma valorização recente de profissionais veteranos em diversas áreas onde há escassez de mão de obra qualificada, as empresas contratam e promovem rapidamente jovens para substituir os mais velhos com o objetivo de reduzir despesas. Segundo dados do Dieese, as pessoas com até 29 anos já ocupam 33% dos postos de trabalho formais.
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