Os 9 pecados no trabalho, da ganância à preguiça

O Banco Central (BC) decretou, em outubro, a intervenção no banco BVA, com a justificativa de que a instituição vinha cometendo “graves violações às normas legais” e “descumprimento de normas” que disciplinam sua atividade. Nos últimos dois anos, o BC precisou interferir na gestão de cinco bancos, todos acusados de fazer uma gestão que ameaçava o equilíbrio do sistema financeiro nacional.

O primeiro e mais notório desses casos foi o do PanAmericano, em 2010, que pertencia ao apresentador Silvio Santos. Há dois meses, a Justiça acatou denúncia contra 14 ex-diretores e três ex-funcionários do PanAmericano, em um processo que apura a responsabilidade por fraudes que deixaram um rombo de 4,3 bilhões de reais no banco. Contra os acusados, há denúncias de desvio de dinheiro e de manipulação de informações financeiras. Casos como esses ocorrem no mundo todo.
Também em outubro, a Justiça americana condenou a dois anos de prisão o indiano Rajat Gupta, ex-diretor do banco Goldman Sachs, por ter passado informações privilegiadas a um investidor durante dois anos. O juiz nova-iorquino que assinou a sentença declarou que Rajat era ganancioso e uma “pessoa boa que se afastou de seus melhores impulsos”.

A definição do magistrado americano resume tudo: a ganância, um pecado capital, afasta bons profissionais do caminho certo. “O ávido quer sempre mais e, ao achar que não sobreviverá com um lucro menor, muitas vezes recorre a expedientes desonestos para atingir suas metas”, diz o filósofo e consultor de empresas Jean Bartoli, de São Paulo. “Quando uma empresa fixa metas de 15% de lucro anual, embora a economia do país cresça apenas 2% no mesmo período, isso é ganância.”


Assim como os sete pecados capitais estabelecidos pelo papa Gregório I no século 6 d.C., os nove pecados corporativos que listamos nesta reportagem trazem danos não só ao espírito dos profissionais que os praticam mas também ao convívio entre os colegas, ao desempenho das equipes e até à imagem da companhia.

Além da ganância (em outras línguas, como o inglês, ela substitui a avareza na lista dos pecados originais), também corroem as relações profissionais a soberba, a ira, a preguiça, a inveja, a luxúria e até a gula. Acrescentamos, ainda, dois males contemporâneos: a intolerância e a ostentação — tão nocivos ao trabalho quanto os sete já citados.
Mais importante: todos nós estamos expostos às tentações e às ações pecaminosas do herege na baia ao lado. Nas páginas a seguir, os desvios de conduta são analisados por alguns dos principais pensadores brasileiros da atualidade. Quem nunca pecou no serviço que atire o primeiro grampeador.
http://exame.abril.com.br/revista-voce-sa/edicoes/173/noticias/os-pecados-do-trabalho


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